07 April, 2007

botoxdependência



quem usa tudo o que a ciência oferece para tornar as pessoas mais bonitas, pelo contrário. Acho que cada um deve lidar com o corpo do modo que o faça mais feliz, embora confesse que o Botox, em especial, me faz alguma confusão. Isto porque não é um processo puramente físico, como a cirurgia, em que se retira ou acrescenta o que for necessário, mas um processo químico em que se usa uma toxina botulínica, produzida pela bactéria que provoca o botulismo, uma forma de intoxicação alimentar.
Esta substância bloqueia a transmissão do neurotransmissor acetilcolina dos nervos para o músculo. Como consequência, provoca-se um paralisia localizada e temporária, ou seja um "relaxamento" muscular nesses músculos suavizando assim as rugas. O efeito dura cerca de quatro a seis meses, é eficaz, mas necessita, obviamente do um reforço regular, sob pena de "despencar" tudo de novo. Bom, há doenças que provocam este tipo de "lesão". Doenças do foro neurológico, graves, com proporções nada comparáveis ao Botox pela sua extensão, mas ainda assim doenças, daí não me seduzir especialmente. Mas isto para dizer, que vi na
BBC online um artigo curioso que dizia que a Associação de Cirurgiões Plásticos de Estética, da Grã-Bretanha, os cientistas descobriram que 40% dos pacientes que fizeram aplicação de Botox expressaram vontade “compulsiva” de passar novamente pelo tratamento..
Ou seja, funciona assim como uma espécie de cocaína de efeito externo. Assim como a coca, provoca um estado temporário de bem estar, de auto-confiança e aumento da auto-estima e de sucesso social. Tal como a Coca, a compulsão no uso, deve-se não à dependência física, mas à necessidade imperiosa de manter os seus efeitos, o que torna o utilizador altamente dependente dos negociantes que com o negócio, ganham fortunas. Tal como a Coca, provoca um sentimento de auto-realização, e neste caso, de juventude artificial, dificilmente alcançável de outra forma. Finalmente, nas duas situações, o confronto com a realidade findo o efeito da substância é brutal, devastador e deprimente. Dir-me-ão que o mesmo acontece com as outras formas de "maquilhagem", certo, mas as outras formas são isentas de riscos, não são vendidos como elixir da juventude, a preços astronómicos com carregamento periódico.
Cuidar da pele e do aspecto é legítimo e econselhável, mas como em tudo, há que usar o bom senso e envelheçer com alguma dignidade. Muitas vezes é possível utilizar outros tratamentos, como laser, peeling e ácido retinóico, sem a necessidade da perda do movimento dos músculos. Por exemplo, uma complicação possível e frequentemente alvo de piadas, é a que acontece com o excesso de aplicação na região peri-oral, que pode impedir a pessoa de sorrir, assobiar ou pronunciar as palavras claramente. Ou, a perda total da expressão facial e incapacidade de abrir totalmente as pálpebras - ptose palpebral. E mais uma infinidade de lesões musculares e deformações de difícil ou impossível correcção. Portanto, cuidado! O sorriso é bom e bonito, mas só quando se tem vontade.


nota- Mickey Rourke: um dos conhecidos exemplos cuja obsessão pela juventude e pelo botox resultou num rosto marcadamente desfigurado.

Contra Capa

3 comments:

Mel said...

a minha mãe diz que se Deus nos deu as coisas é para as conservar...a não ser que seja um problema de saúde, ou que traga algum...vaidades e bisturis nã obrigada!
e depois só me lembro do josé castelo branco

maria carolina said...

Cristina: adorei o nome do blog, adorei a ideia. Gosto muito de ti, pode ser? Um grande beijinho.

MariaTuché said...

Confesso que se um dia tiver condições financeiras serei capaz de recorrer á cirurgia mas botox nunca!!

Excelente post

Beijos