café

Quem é afinal a nossa amiga cafeína?

A cafeína pertence ao grupo de compostos das metilxantinas, onde se inclui também o chá. As xantinas são substâncias capazes de estimular o sistema nervoso central, produzindo um certo estado de alerta de curta duração.
Além do café, a cafeína também é encontrada noutras bebidas, em proporções menores, tais como as que contêm cacau, cola e outros refrigerantes, chocolate, além do chá e de alguns medicamentos do tipo analgésico ou anti-gripe.
Devido à diversidade de produtos que contêm cafeína, presente em mais de 60 espécies de plantas do mundo, ela é, seguramente, a droga psicoactiva mais popular e de maior consumo no mundo; pode dizer-se que cerca de 80% da população mundial faz uso dessa substância diariamente, embora seja muito difícil quantificar seu consumo .
Na Europa o café foi mais fortemente introduzido a partir do século XVI pelos espanhóis e holandeses, no período das conquistas. Antes disso o café era consumido de maneira restrita e a bebida nobre era o chá.
Os países latinos têm, tradicionalmente, o hábito de tomar café mais concentrado, com maior teor de cafeína, enquanto os americanos preferem o café mais diluído, de preferência descafeinado. De modo geral, fora o Brasil e Cuba (os maiores produtores de café), a Grã-Bretanha, a Itália, a Escandinávia e os EUA são os maiores consumidores de cafeína do mundo.

1-O efeito mais procurado.
A cafeína exerce um efeito de "descarga" das células nervosas e consequente liberação de alguns neurotransmissores e hormonas, como a adrenalina. Uma chávena de café forte, costuma produzir em minutos, um aumento da acuidade mental e sensorial, além de elevar o nível de energia, tornando a pessoa mais alerta e proporcionando bem-estar.
A cafeína tem um possível efeito nos mecanismos frontais do controle, isto é, melhorando a atenção focalizada (espontânea) e favorecendo uma maior selectividade do objecto, pelo menos foi o que concluiu um estudo feito numa doença caracterizada por um deficit de atenção voluntária e em que a cafeína teve efeito surpreendente. No entanto, especificamente testado, não mostrou vantagem em doentes sob efeito do álcool.
Uma chávena de café pode conter entre 35 e 80 mg de cafeína(café de saco) e entre 125 e 165 mg de cafeína (café expresso).. O café coado, tem menos teor de cafeína que o café que não se filtra ficando o pó assente no fundo do recipiente, e muito menos que o café expresso. Em altas doses, a cafeína pode vir a provocar uma dependência moderada em certas pessoas...o consumo mínimo de cafeína, para haver dependência física, é de 4 cafés por dia. Contudo, outros estudos concluíram que seria necessária uma maior quantidade de chávenas.

2-Outros efeitos.
Em doses muito elevadas a cafeína pode provocar a liberação espontânea de iões cálcio dentro do músculo, desencadeando pequenos tremores involuntários, aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca.
Os vasos sanguíneos cerebrais, apresentam também diminuição do calibre. Essa vasoconstrição cerebral é a propriedade que justifica o emprego da cafeína no tratamento de crises de enxaqueca, onde a vasodilatação existente é responsável pelo quadro, e é combatida pela cafeína. No entanto, estes efeitos vão sendo atenuados pela habituação.
No aparelho respiratório, tem um efeito estimulante central de aumento da frequência, e um efeito local broncodilatador, acção que melhora a ventilação em pessoas com asma.
No aparelho digestivo, estimula a secreção gástrica de ácido clorídrico pelo que é contra-indicada nos indivíduos com úlcera, gastrite ou refluxo.
O hábito de tomar café provoca um efeito negativo no teor de cálcio do sangue que,
contudo, pode ser facilmente contrabalançado pela ingestão de outras fontes deste
mineral, não parecendo ser, assim, um problema para a saúde dos ossos.
Não foi, até hoje, notado que a ingestão de café fosse um factor de risco para o
aparecimento de cancro da mama, ovários, pâncreas e rins. Um risco ligeiramente
agravado para cancro da bexiga parece ser essencialmente devido ao hábito,
concomitante, de fumar.

3-o doping.
O efeito da cafeína na performance atlética deve-se, provavelmente, à diferença na percepção do cansaço, ou seja, teria um papel ergogenico* no desempenho do exercício alterando a percepção do esforço e da disponibilidade física (Costil,...1978, Cole,...1996). Outro estudo em ciclistas que usaram 2,5 g. de cafeína/Kg de peso corporal, mostrou que eles suportaram 29% mais exercício que o grupo controle sem cafeína (Trice,...1995). Não parece haver, no entanto, qualquer efeito da cafeína sobre a força muscular máxima ou sobre as contracções musculares voluntárias.
A cafeína foi retirada da lista proibida em 2004, porque o comité científico a considerou como um estimulante menor, que para fazer efeito obriga ao consumo de grandes quantidades, e porque a sua utilização era cada vez menor e se circunscrevia a algumas modalidades, em alguns países. Na listagem de produtos interditos actualmente em vigor, é referido que a cafeína está incluída no programa de vigilância, ou seja, os laboratórios antidoping, entre os quais o português, continuam a monitorizar um possível ressurgimento como dopante. Foi na sequência deste programa que se descobriu que na Austrália se recorre de novo à cafeína. O consumo de cafeína e de pseudoefedrina, retiradas da lista proibida na mesma altura, tornou-se público quando o capitão da selecção de râguebi da Austrália, George Gregan, revelou que “a maioria dos jogadores toma comprimidos [de cafeína] antes do jogo e isso sustenta-os até ao intervalo”, conseguindo-se “melhorar o desempenho em sete por cento”. Não encontrei indicações de que tenha sido novamente retirada.

4-Outras normas.
A Comissão Europeia publicou uma directiva (2002/67/CE, 18 Junho) que obriga a
rotular as bebidas que contenham mais de 150 mg de cafeína com a expressão
elevado teor de cafeína.
A possibilidade de efeitos adversos sobre as mulheres grávidas levou a Agência de
Segurança Alimentar do Reino Unido a recomendar que a ingestão diária de cafeína
não ultrapassasse 300 mg (sensivelmente 4 cafés).

*A Medicina Desportiva estabelece um conceito para o termo "agente ergogenico" que abrange todo e qualquer mecanismo, efeito fisiológico, nutricional ou farmacológico que seja capaz de melhorar a performance nas actividades físicas desportivas, ou mesmo ocupacionais.
Desculpas pela extensão do post, tenham um bom fim de semana.

Desculpas pela extensão do post, espero que tenha sido útil.

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