"Apercebi-me, ao longo do meu exercício diário, que por vezes as pessoas são vítimas de incêndio tal como os edifícios; sujeitas ao efeito da tensão produzida pelo nosso mundo complexo, os seus recursos internos consomem-se, como por acção das chamas, não deixando senão um imenso vazio interior, ainda que o invólucro exterior pareça mais ou menos intacto."
Herbert Freudenberger
Burnout é uma das consequências mais marcantes do stresse profissional, caracterizando-se geralmente por exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade com relação a quase tudo e todos (até como defesa emocional).
Burnout, expressão inglesa para designar aquilo que deixou de funcionar por exaustão de energia, constitui actualmente um dos grandes problemas psicossociais, despertando interesse e preocupação por parte da comunidade científica e das empresas, devido à severidade das suas consequências, quer ao nível individual, quer ao nível organizacional. De facto, o burnout sendo um estado de esgotamento, decepção e perda do interesse pelo trabalho, produz sofrimento no indivíduo e tem consequências sobre o seu estado de saúde e o seu desempenho, pois passam a existir alterações pessoais e organizacionais.
Esta síndrome acomete, geralmente, os profissionais que trabalham em contacto directo com pessoas, sendo predominante nos profissionais de saúde (Maslach e Jackson 1981, cit. por Silva, 2000 e Borges et al., 2002).
O termo burnout foi inicialmente utilizado por Brandley, em 1969, mas ficou conhecido a partir de 1974 através de Freudenberger, psiquiatra que trabalhava com toxicodependentes em Nova Iorque. Ele observou que alguns voluntários apresentavam uma progressiva perda de energia até chegar ao esgotamento e sintomas de ansiedade e depressão, e descreveu que eram menos sensíveis e compreensivos, desmotivados e agressivos em relação aos doentes, com um tratamento distanciado e cínico e com tendência a culpá-los pelos seus próprios problemas (Borges et al., 2002; Gisbert, 2002; Benevides-Pereira, 2003; Farina, 2004; Muller, 2004).
Desde então, os estudos tornaram-se gradualmente numerosos e há hoje na literatura diferentes denominações para o burnout. A síndrome é referida como: stresse laboral, stresse profissional, stresse assistencial, stresse ocupacional, neurose profissional ou neurose de excelência, síndrome do esgotamento profissional e síndrome de queimar-se pelo trabalho, o que muitas vezes dificulta um levantamento de pesquisas na área (Benevides-Pereira, 2003).
De qualquer modo, a maioria dos autores está de acordo que o burnout é uma síndrome característica do meio laboral, que resulta da cronificação do stresse ocupacional e produz consequências negativas a nível individual, profissional, familiar e social.
Características e consequências do burnout
De acordo com Gisbert (2002), algumas características do burnout são as seguintes:
•Não desaparece com as férias.
•Não se identifica com a sobrecarga de trabalho nem com a fadiga.
•Pode ser provocado por um trabalho desmotivador.
•Resulta de um prolongado processo, por factores organizacionais, clima e cultura laboral.
•Afecta sobretudo os profissionais de educação e de saúde.
•As características pessoais são variáveis moduladoras, em contraste com os factores situacionais e ambientais.
•As características negativas (falta de assertividade, baixa auto-estima, dependência e escasso envolvimento) tendem a gerar burnout.
•Paradoxalmente, as pessoas entusiastas, idealistas e com grande nível de envolvimento no seu trabalho apresentam maior risco de burnout.
No que diz respeito às consequências do burnout encontram-se tantas na literatura, que se torna difícil nomeá-las todas. Gil-Monte (2003), sistematiza as consequências do burnout a nível individual e organizacional.
Ao nível do indivíduo podem existir sintomas como distanciamento emocional, sentimentos de solidão, alienação, impotência, omnipotência, ansiedade, cinismo, apatia, hostilidade, suspeição, agressividade, mudanças bruscas de humor, irritabilidade e problemas somáticos como alterações cardiovasculares, respiratórias, imunológicas, sexuais, musculares, digestivas e do sistema nervoso. Ao nível organizacional, registam-se uma deterioração da qualidade dos cuidados, diminuição da satisfação laboral, absentismo laboral elevado, aumento dos conflitos interpessoais entre colegas, utentes e supervisores e, portanto, uma diminuição da qualidade de vida no trabalho. A está descrita como um problema de saúde laboral com alta prevalência nos enfermeiros. Esta profissão confronta-se com escassez de pessoal, trabalho por turnos, contacto diário com a doença, o sofrimento e a morte, falta de autonomia e de participação nas tomadas de decisão, rápidas mudanças tecnológicas, respostas inadequadas das chefias aos problemas organizacionais (burocracia profissionalizada), etc.
O burnout caracteriza-se por exaustão emocional, despersonalização e falta de realização pessoal. Pode avaliar-se através de diversos instrumentos, sendo o Maslach Burnout Inventory (MBI) o mais utilizado.
A primeira medida para evitar a aparecimento do burnout é conhecer as suas manifestações.
fonte:
Mário Teixeira
Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica
Herbert Freudenberger
Burnout é uma das consequências mais marcantes do stresse profissional, caracterizando-se geralmente por exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade com relação a quase tudo e todos (até como defesa emocional).
Burnout, expressão inglesa para designar aquilo que deixou de funcionar por exaustão de energia, constitui actualmente um dos grandes problemas psicossociais, despertando interesse e preocupação por parte da comunidade científica e das empresas, devido à severidade das suas consequências, quer ao nível individual, quer ao nível organizacional. De facto, o burnout sendo um estado de esgotamento, decepção e perda do interesse pelo trabalho, produz sofrimento no indivíduo e tem consequências sobre o seu estado de saúde e o seu desempenho, pois passam a existir alterações pessoais e organizacionais.
Esta síndrome acomete, geralmente, os profissionais que trabalham em contacto directo com pessoas, sendo predominante nos profissionais de saúde (Maslach e Jackson 1981, cit. por Silva, 2000 e Borges et al., 2002).
O termo burnout foi inicialmente utilizado por Brandley, em 1969, mas ficou conhecido a partir de 1974 através de Freudenberger, psiquiatra que trabalhava com toxicodependentes em Nova Iorque. Ele observou que alguns voluntários apresentavam uma progressiva perda de energia até chegar ao esgotamento e sintomas de ansiedade e depressão, e descreveu que eram menos sensíveis e compreensivos, desmotivados e agressivos em relação aos doentes, com um tratamento distanciado e cínico e com tendência a culpá-los pelos seus próprios problemas (Borges et al., 2002; Gisbert, 2002; Benevides-Pereira, 2003; Farina, 2004; Muller, 2004).
Desde então, os estudos tornaram-se gradualmente numerosos e há hoje na literatura diferentes denominações para o burnout. A síndrome é referida como: stresse laboral, stresse profissional, stresse assistencial, stresse ocupacional, neurose profissional ou neurose de excelência, síndrome do esgotamento profissional e síndrome de queimar-se pelo trabalho, o que muitas vezes dificulta um levantamento de pesquisas na área (Benevides-Pereira, 2003).
De qualquer modo, a maioria dos autores está de acordo que o burnout é uma síndrome característica do meio laboral, que resulta da cronificação do stresse ocupacional e produz consequências negativas a nível individual, profissional, familiar e social.
Características e consequências do burnout
De acordo com Gisbert (2002), algumas características do burnout são as seguintes:
•Não desaparece com as férias.
•Não se identifica com a sobrecarga de trabalho nem com a fadiga.
•Pode ser provocado por um trabalho desmotivador.
•Resulta de um prolongado processo, por factores organizacionais, clima e cultura laboral.
•Afecta sobretudo os profissionais de educação e de saúde.
•As características pessoais são variáveis moduladoras, em contraste com os factores situacionais e ambientais.
•As características negativas (falta de assertividade, baixa auto-estima, dependência e escasso envolvimento) tendem a gerar burnout.
•Paradoxalmente, as pessoas entusiastas, idealistas e com grande nível de envolvimento no seu trabalho apresentam maior risco de burnout.
No que diz respeito às consequências do burnout encontram-se tantas na literatura, que se torna difícil nomeá-las todas. Gil-Monte (2003), sistematiza as consequências do burnout a nível individual e organizacional.
Ao nível do indivíduo podem existir sintomas como distanciamento emocional, sentimentos de solidão, alienação, impotência, omnipotência, ansiedade, cinismo, apatia, hostilidade, suspeição, agressividade, mudanças bruscas de humor, irritabilidade e problemas somáticos como alterações cardiovasculares, respiratórias, imunológicas, sexuais, musculares, digestivas e do sistema nervoso. Ao nível organizacional, registam-se uma deterioração da qualidade dos cuidados, diminuição da satisfação laboral, absentismo laboral elevado, aumento dos conflitos interpessoais entre colegas, utentes e supervisores e, portanto, uma diminuição da qualidade de vida no trabalho. A está descrita como um problema de saúde laboral com alta prevalência nos enfermeiros. Esta profissão confronta-se com escassez de pessoal, trabalho por turnos, contacto diário com a doença, o sofrimento e a morte, falta de autonomia e de participação nas tomadas de decisão, rápidas mudanças tecnológicas, respostas inadequadas das chefias aos problemas organizacionais (burocracia profissionalizada), etc.
O burnout caracteriza-se por exaustão emocional, despersonalização e falta de realização pessoal. Pode avaliar-se através de diversos instrumentos, sendo o Maslach Burnout Inventory (MBI) o mais utilizado.
A primeira medida para evitar a aparecimento do burnout é conhecer as suas manifestações.
fonte:
Mário Teixeira
Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica
2 comments:
Mais um blog interessante da Cristina.
obrigada Ulysses.
Post a Comment