A Marta do Claras Em Castelo pediu-me que escrevesse algo sobre sexualidade feminina pós menopausa.
O que se pode dizer sobre o assunto? Que a sexualidade como fonte de prazer é para qualquer idade? Incontestável. Após a menopausa, o facto do nosso cérebro ter libertado o desejo sexual do acto da procriação, permite-nos, mais ainda, usar e gozar o bem-estar sexual e explorar, e expandir, as nossas capacidades. Sendo assim, porque é que na grande maioria dos casos não é melhor e, muitas vezes, deixa até de existir? O sexo é uma actividade temporal?
É, ou não, só no sentido de que tem a temporalidade própria e inerente às capacidades fisiológicas necessárias ao desempenho. E, naturalmente, limitada pela integridade, ou falta dela, dos órgãos e sistemas relacionados. O corpo, por muito que nos custe, envelhece. Os órgãos, progressivamente, perdem algumas da suas capacidades fisiológicas (reprodução, erecção, vascularização, etc.), tanto os directamente implicados no acto sexual, como outros, cuja consequência pode ser igualmente perturbadora o que, por si só, determina alterações de comportamentos e atitudes, nomeadamente no que concerne ao desempenho sexual.
Disfunções sexuais de vários tipos (perda de erecção peniana, diminuição da libido, vaginite atrófica, perda de lubrificação, etc.) são problemas frequentes nas idades mais avançadas. Isto não quer dizer,claro, que o idoso tenha perdido a sua sexualidade ou o seu bem-estar sexual; na realidade, o que aconteceu foi uma perda fisiológica.
Depois, além das fragilidades físicas, temos os mitos à volta da sexualidade dos mais velhos e (pre)conceitos como: os mais velhos(não digo idosos de propósito) não têm interesses sexuais; os que se interessam pelo sexo são perversos, ou, têm desvios de comportamento; a actividade sexual prejudica a saúde; os homens ainda têm prazer mas as mulheres não; os que têm doenças, não devem ter actividade sexual. Mitos, nada mais.
Mas, voltando à mulher, e ultrapassando todas as patologias que causam, de facto, limitação física à actividade sexual, quer pela doença quer pelo efeito da medicação, quais são os sinais de involução do aparelho sexual feminino?
Estreitamento das paredes vaginais, redução da elasticidade da vagina, um menor ingurgimento durante a excitação (vasodilatação), diminuição das contracções vaginais e uterinas durante o
orgasmo e diminuição da lubrificação vaginal. E depois, não menos importante e agravanto tudo o resto, o sentimento de vulnerabilidade e de ameaça à capacidade de sedução-atracção, os problemas familiares e sociais, a morbilidade de outras patologias, as co-morbilidades do parceiro, enfim, se juntarmos tudo, compreende-se facilmente que tudo se conjuga para a degradação da vida sexual.
Estreitamento das paredes vaginais, redução da elasticidade da vagina, um menor ingurgimento durante a excitação (vasodilatação), diminuição das contracções vaginais e uterinas durante o
orgasmo e diminuição da lubrificação vaginal. E depois, não menos importante e agravanto tudo o resto, o sentimento de vulnerabilidade e de ameaça à capacidade de sedução-atracção, os problemas familiares e sociais, a morbilidade de outras patologias, as co-morbilidades do parceiro, enfim, se juntarmos tudo, compreende-se facilmente que tudo se conjuga para a degradação da vida sexual.
Masters & Johnson, descreviam dois factores essenciais para manter a capacidade
sexual na idade avançada: manter boa saúde física e mental e, regularidade. “use it or lose it”.
sexual na idade avançada: manter boa saúde física e mental e, regularidade. “use it or lose it”.
A boa saúde física implica, naturalmente, que a pessoa/mulher tenha todas as suas doenças bem controladas. Implica ainda, um acompanhamento ginecológico no sentido de fazer terapêutica hormonal de substituição, de forma a manter integras as modificações fisiológicas durante o acto sexual. Além de tudo isto, muitas vezes acredito mesmo que seja o mais importante, é querer, é ter vontade.
Um dos melhores indicadores de uma vida sexual gratificante após a menopausa, é a existência de uma vida sexual gratificante no passado. Quando assim é, a liberdade acaba por estimular a diversidade de vivências eróticas. Sem pressões ou exigências, sem imposição de modelos juvenis desadequados.
Importante, é a possibilidade de viver os afectos e a sexualidade a partir da sua própria história sexual e afectiva mas, fundamental, é a atenção que se dá à pré-menopausa ou climatério (período de transição que ocorre de 2 a 4 anos antes da última menstruação). Os sinais de alerta incluem ter atenção à irregularidade nos ciclos menstruais, que corresponde à diminuição nos níveis das hormonas, e à presença de alguns sintomas como suores nocturnos, afrontamentos, perda da lubrificação vaginal, depressão, irritabilidade, ansiedade e a insónia. A presença destes sintomas varia de mulher para mulher e devem chamar a atenção para que alguns cuidados devem ser tomados, podendo ir até às terapêuticas quimicas, bastando para isso falar abertamente com o seu médico. Nunca deixar instalar uma situação que torne a vida sexual desagradável ou mesmo penosa. A menopausa é o processo biológico natural, e é assim que deve ser encarado, com a noção de que não é inevitavelmente negativo, podendo mesmo corresponder a uma fase de liberdade para desejar e amar.
...só mais umas linhas para algumas dicas que podem contribuir para uma boa forma física, melhor mobilidade e performance:
30 minutos diários de caminhada ou dança, são excelentes exercícios. A Hidroginastica, por exemplo, melhora espectacularmente a mobilidade e a força muscular.
Aumente o consumo dos alimentos que são fontes de cálcio (leite e iogurte desnatados, queijos brancos e magros, soja e derivados). Tome de 3 a 4 copos de leite ou iogurte desnatados todos os dias;
Evite o fumo e o álcool.
Converse francamente sobre os gostos de cada um e procure contornar as próprias limitações com criatividade. Sexo, não é sinónimo de coito vaginal.
Em caso de secura vaginal, os lubrificantes, além de eficazes, são estimulantes. Qualquer gordura serve (óleos, são mais fáceis de usar que cremes)
Devido às alterações hormonais e aos partos, algumas mulheres sofrem com algum relaxamento da musculatura pélvica, reduzindo o prazer sentido durante a relação sexual. Este problema, pode ser contornado através de exercícios de fortalecimento. Os mais comuns, exercícios de Kegel, consistem em contracções "para dentro" da pélvis: sentada com a coluna bem recta, faça 10 contracções seguidas com se segurasse a vontade de urinar ou evacuar. Segure cada contracção durante 3 segundos. Repita esta série até 3 vezes por dia.
A imaginação é um dos mais potentes afrodisíacos que se conhece. Abuse dos preliminares, não só os clássicos, mas inclua elogios, jantar fora, tomar banho junto, fazer massagens um no outro, ouvir uma música, dançar um pouco (só os mais velhos?), escolher locais diferentes....desde que a moral e a lei permitam... concentre-se apenas no prazer!, parece óbvio, mas a mulher menopausica pode ter mais dificuldade de chegar ao orgasmo. E porquê à noite? afinal, há mais tempo livre...porque não de manhã? (o parceiro pode agradecer..)
Medicamentos. Confira com o seu médico se alguma das terapêuticas provoca diminuição da libido e se pode ser trocada. E, depois de tudo, lembre-se que existem estimulantes químicos eficazes. Desde os "afrodisíacos" disponíveis como "naturais", caso dos famosos Ginkgo Biloba, Ginseng, Erva de São João, complexos vitA+E e por aí fora, existem ao dispor dos médicos e dos utentes, outros recursos, mais convenientes e controláveis.
..chega, não? Qualquer que seja a forma de dar a volta ao texto, use, abuse, lambuze. Se necessário, recorra a um profissional. De saúde, entenda-se.
Contra Capa
1 comment:
Cristina,
Vale dizer apenas que algumas mulheres associam o relacionamento sexual à procriação, evitam fazê-lo pela religião.
Incrível que ainda existe muito disso!
Nada mais a acrescentar! Seu texto está completíssimo!
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